De acordo com os registros de Azur Van’myr em seu livro Sete Corações de Realeza: A Ascenção e Queda do Império Ur-Dracônico, os raríssimos Dragões Régios que sobrevivem aos perigos do Rancor – transformando-os, possivelmente, em Volsung (os Mortos Tiranos) – e do Delírio – transformando-os em Van’aar (os Perdidos) – por tempo o suficiente para alcançar sua idade mais avançada e progredir ao pico de sua proeza mágica, são denominados Eosyth (os Utopianos). Ao invés de definhar naturalmente com a idade, sua percepção de tempo-espaço começa uma longa transformação que anuncia a chegada de seu terceiro e último cíclo de rápido crescimento possível no desenvolvimento de um Régio – durante esse tempo, o Dragão irá selecionar um local amplo e realizar uma purificação, onde ele irá, durante cem anos, apenas comer e dormir e crescer de dez a cinquenta vezes seu tamanho.
Um Dragão Régio em terceiro ciclo é extremamente territorial e fácilmente perturbável. Tentativas de comunicação com esses dragões durante seu período de purificação é amplamente considerado uma má idéia. Antes de tudo, seu típico capricho dracônico está em seu estado mais latente, tornando-o inclinado a devorar qualquer criatura que se aproxime, salvo sua própria espécie. E em segundo lugar, se sua mudança de percepção sobre o tempo-espaço já estiver avançada, suas alterações sensoriais podem inviabilizar qualquer comunicação. Isso é óbviamente agravado pelo choque de escala.
Quanto a sua escolha de refúgio para viver, Eosyth preferem paisagens abertas às usuais cavernas, devido ao seu rápido crescimento e falta de preocupação com predadores – os Eosyth estão, até hoje, acima de qualquer cadeia alimentar conhecida e são imune a qualquer doença conhecida.
Suas escamas tornam-se mais grossas e, contrastando com seu lustre e lume do segundo ciclo, suas cores ficam mais opacas, lembrando pedras brutas e antigas com uma fraca cintilação ao invés de reflexos agudos. Seus movimentos demoram-se mais a cada dia por conta de suas alterações sensoriais, enquanto seu apetite transita de criaturas de grande porte, para bestas gigantes (se presentes em seus biomas de escolha) e então árvores.
Na última metade de seu terceiro ciclo o dragão começara a retardar sua atividade, dormindo por períodos mais longos e ficando acordado por períodos cada vez menores, comendo principalmente pedras – uma vez que não existem mais alimentos que possam saciar sua fome colossal – até que ele recolha ao seu ponto de repouso final, onde se dará seu ocaso. Por seu tamanho titãnico, o dragão provavelmente ocupará toda a paisagem de sua escolha, caso não seja um oceano, deserto ou grande planície.
Então ele dormirá até que sua alma abandone seu corpo e se dissolva de volta à terra.
Talvez os Dragões Régios saibam onde os Utopianos morrem. Talvez procurem por seus túmulos através de instinto e empatia, ou talvez o espírito do Eosyth os atraia do além de seus ossos colossais em um sutil e esquecido elo de sangue. Isto não é sabido.
Mas se o explorador ousado ou o acadêmico claustrofóbico decidir lançar-se aos ventos e viajar até os refúgios e paraísos onde uma vez viveram e reinaram os Dragões Régios, e fosse em busca, faminto, pelos ossos de suas citadelas e castelos, descobriria que eles muito se assemelham aos ossos dos falecidos Utopianos.
- Spiritus Ignis, Spiritus Vitae: Um estudo sobre Dragões; Elric Swayn
2 comentários:
Eu AMO esta!
É tão bonita a ideia de montanhas feitas de dragão... Parece uma daquelas coisas que você meio que inventa pra você mesmo quando se é criança: que as montanhas são gigantes dormindo <3
Só imagino ler isso dentro de um livro da biblioteca particular do Mr. D!
Transcendental!
Dragões são os seres mitológicos mais fodas de todos! E seu texto fez honra a eles!
Do caralho!
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