quarta-feira, 16 de maio de 2012

[eu, escritor?]

Antes de começar, peço desculpas. Esse post será pra lá de egocêntrico e talvez um pouco desagradável praqueles que se identificarem.


Andei me lembrando de como eu costumava escrever quando era mais novo. Não que eu me sinta velho agora. Quando digo ‘mais novo’ é daquele jeito que falamos dos 15 anos pra sentir menos vergonha.
Eu não comecei escrevendo. Comecei brincando no RPG Maker. Me lembrei de uma forma vívida demais pra ser agradável da sensação de exaltação que eu tinha ao fazer histórias bobíssimas, clichês e me divertia com elas durante horas, meses, “programando” e desenhando os personagens animados. Para os mais familiares com termos de jogador, cheguei a terminar a primeira dungeon de pelo menos uns três RPG’s, mas alguma mão divina sempre fazia meu computador dar pau e eu precisava formatar. Daí sempre começava de novo, com uma história nova, muitas vezes. Ficava orgulhoso e continuava fazendo, soltando minha fumaça sem precisar de ninguém olhando nem me dizendo que estava legal.
Depois comecei a escrever histórias épicas – só começava – mas depois de um tempo largava por falta de ideias. Sempre começava outra. Sempre via meus erros e pensava “eu mudei e não me identifico mais com isso”, partindo pra próxima.
Então abri o  fotolog (devidamente deletado) onde eu fazia registros pra mim mesmo das coisas que eu queria registrar. Nunca me preocupei com notoriedade ou fama ou fazer amigos, como era normal na época (até no meio metaleiro, no qual eu meio que me inseria sem querer) ainda que isso tenha vindo, por vezes, até mim. Com o tempo ele foi andando até virar o blog.


Tenho quase certeza – e o pouco que me falta de certeza sobra de vontade de acreditar – que sempre se chamou ‘a sip of ether’.
Era um lugar onde eu vinha pra tirar coisas do peito. Não passava pra quase ninguém.
Nessa época já não escrevia mais histórias mirabolantes – ainda que clichês – com o mesmo gás de antes. Meu tato pra colocar uma palavra atrás da outra e fazer soar interessante definitivamente tinha melhorado, mas faltava-me certa faísca de inspiração. Ela foi se apagando com o tempo e não sei quando foi que começou.


Talvez já tenham reparado pelos últimos posts que estou entrando numa fase estranha de resgate. De querer trazer de volta umas coisas que eu era e misturar com outras coisas que sou.


Foi aí que comecei a pensar – e, confesso, penso demais -; hoje eu me considero indubitavelmente melhor escritor do que eu era quando tinha 16 anos, mas certamente eu não sou metade do contador de histórias.


Eu acreditava que aquilo era o melhor que eu podia fazer e por isso dava tudo que eu tinha pra fazer cada um dos projetos, e me encantava com eles. Ficava feliz e prosseguia. Olhava pra trás pra corrigir as falhas, mas prosseguia ainda assim. E cá entre nós, não era nada mal.
Hoje eu não sei.

4 comentários:

Bruna Saddy disse...

Sei que você odeia, mas me ocorreu. Achei justo dividir.

"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra. "

Ou a gente desvia, se cansa, se sua e demora.
Ou a gente para e vira pedra.

Eu acho você um puta contador de histórias :)

Gabriel Lopes disse...

Na infância tudo parece mais simples e mais fácil e talvez por isso a gente se permita acreditar e tentar. O engraçado, é que o tempo passa e as coisas continuam tão simples quanto, mas a nossa percepção muda. E é aí que vacilamos, ao nos cobrarmos mais a cada dia. A responsabilidade do saber é enorme. Se um dia fomos alunos, hoje somos profissionais e como tal, não podemos errar, não é mesmo? Que médico diz para o paciente "eu não sei"? Mas a vida é uma escola e sempre teremos coisas para aprender. Certamente, hoje você é um contador de histórias melhor, não tenha dúvidas! Para contar histórias basta viver e se deixar levar pela imaginação. O garoto de 16 anos continua aí dentro, motivado. Não deixe o mundo dos adultos dizer o que ele pode ou não pode fazer. Apenas faça.

augustoinchains disse...

Sinto isso com meus botões também. Aquele frio na barriga de achar que está se calcificando, que seu dimon não mudará mais de forma, que não poderá ir a nárnia nessas férias e que é tarde demais pra receber uma carta de Hogwarts.

Mas acho que no fim é tudo infância, basta se permitir ser infante.

Mourão disse...

Penso o exato mesmo de mim.

Deve ser da vida.