terça-feira, 9 de dezembro de 2014

[dreamscape #1]

When the monsters came
with razor claws and dagger teeth,
like he imagined them,
covered in leather, and vile thorns
and scales and fur and lined with horns
of opal and ebony, and their eyes on fire
like wild rubies and wild amethyst
and black jet, like the sky at night,
like in his dreams,
he ran and fell and ran again,
into the city, into the concrete,
towards the nowhere, towards the hills,
and the sheets couldn't protect him,
and the light couldn't protect him,
nor the moon, nor the sea,
and their wild eyes followed,
and the starless sky followed,
and the bible black followed;
and when he saw the fall -

he threw himself off the cliffs
like he imagined them,
and flew away in wings of nothing,
because he could,
like in his dreams.

sábado, 27 de setembro de 2014

[ilha]

A cada dia avança o mar e encolhe-se a ilha;
Eu, a rabiscar com tinta em folha, esvaziava mais uma garrafa a servir de aposta;
Lançei-a ao mar e esperei - em vão - resposta.
Qualquer.

Não fosse a primeira garrafa, a mim bastaria a ilha - talvez.
Mas nas letras que ela continha eu vi um pedaço que faltava de mim;
Alguém em outra ilha escolheu lançar a garrafa, a esmo.
Um pedaço de alguém! - assim mesmo.

Não fosse a primeira garrafa! Escolhi responder. Ousei.
E mais garrafas vieram  - milhares, milhões. Não sei.
Mas não respostas.
A cada mil encontro mais uma pedaço do quebra-cabeças.
Não me parece ter final.

E quando eu respondo, é só porque queria que soubessem que a peça serviu.
Que guardo-a sempre comigo. Sempre. Que, sempre que posso, transcrevo-a.
(Pois sou só parte dono do que sou.)
Que sirva a mais alguém - a um amigo.
Também transcrevo pedaços que já tinha comigo.

Mas a cada dia lanço ao mar outra garrafa de gratidão. Esperando resposta - em vão.
Esperando uma reação - um "Disponha". Só gostaria de saber que chegou.
Que soubessem que me tocou.
E sonho que sejam tão sedentos quanto esse naufrágio de mim. E que os toque.
E nada.

Eu rabisco com sangue e fúria e febre e fé,
Porque apenas tinta em folha não basta. Sabe quem já leu.
Porque a cada dia encolhe-se a ilha-eu,
E espero, sedento, resposta. Qualquer.
Antes que só reste aos meus olhos o sal e o mar e eu já não possa mais ler.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

[ainda]

Ainda sou crítico,
ainda sou nervoso,
ainda sou romântico,
ainda sou sensível,
ainda sou chorão
(às vezes),
ainda não ligo pra futebol,
ainda não assisto jornal,
ainda sou inseguro,
ainda sou indeciso,
ainda durmo mal,
ainda acordo tarde,
ainda como besteira,
ainda fico doente,
ainda não arrumei o quarto,
ainda desejo a paz mundial quando assopro a vela no meu aniversário
(depois penso em coisa menos boba),
ainda sou iludido,
ainda sou tenso,
ainda sou ansioso,
ainda seguro a porta
(pra todo mundo),
ainda dou bom dia
(pra quase todo mundo),
ainda não sei a hora de desistir,
ainda sou louco,
ainda sou difícil,
ainda sou vulnerável,
ainda sou complicado,
ainda sou medroso,
ainda sou apaixonado,
ainda sou impossível,
ainda sou incurável,
ainda sou honesto,
ainda sou sincero,
ainda não me conformei,
ainda não me adaptei,
ainda sou bonzinho,
ainda sou otário,

Ainda sonho.
Ainda sobrevivo.
Ainda assim.

segunda-feira, 24 de março de 2014

[terceiro pilar: azazell]

Queima e abrasa na furna noturna
O crisol funde a essência lasciva, imunda
Que emerge do cerne, esse câncer que pulsa
E que pulsa e que cresce e nos causa repulsa

Inumano que enxerga, que tenta e revela
Inumano que pune, que julga a parcela
Do ímpio que cada cabeça carrega
Que cada cabeça esconde e renega

Mas pensa e deseja e pretende-se ao mundo
O desejo profano, primeiro, profundo
O que para? O que impede tão louca vontade?
Que crime se deve? Sentença? Piedade?

A vingança perfeita é aquela que é feita
A priori – antes mesmo que o crime se aflore
Então pune, Azazell, pra que reste nenhum
Sob o céu - Sobre o céu – Sobre céu algum