terça-feira, 19 de novembro de 2013

[madrigal: até que a morte]

Escrito em 30 minutos para o Desafio 2 Minds.

Como se veste a morte? Para o enfermo,
Um terno, em sua eterna compostura,
Traz uma maleta sem remédio ou atadura que conserte
Mas apenas a conta e um contrato
Leva-o no primeiro contato.
Não tem a mesma sorte o assassinado;
Talvez a vista com capuz, quando condenado,
enquanto o fio da guilhotina se aproxima e reluz
Revelando que a vida não faz sentido.
A morte empunha a adaga (se traído).

Ao caçado vem, de repente, com o rasgar da garganta
E vê Thanatos com cheiro de sangue - de couro, a manta
o grasnar de corvos, um colar de dente?
Quando tomado, então, por acidente -
Bate o carro, vira a balsa;
Samedi ri do acaso, o sauda com sua cartola branca
estende a mão ossuda e o convida para a valsa
oferece um charuto - livre do vício e da dependência.

Mas quando se aproxima a senescência,
Não cede ao peso de culpa ou arrependimento,
Recebe a dama sem desafeto.
Veste-a de noiva (vestido e véu)
Fita os olhos de Azrael.
Estende um anel de casamento.

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